terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Tons Pastéis



— Traga seu tema e nós iremos discuti-lo — disse um belo rapaz sentado a uma mesa retangular com outros semelhantes a ele. De seus cortes de cabelo aos botões de suas roupas, tudo era legal. Sorriam e conversavam calorosamente sobre tudo o que concernia à vida em diálogos em que nenhum sabia o que o outro estava prestes a falar. E a imprevisibilidade estava a seu favor! A imagem era como que uma cena em sépia, e ali decidiam seus futuros conversando de modo que não se faz em lugar algum. 

— Eu tô vendo que vocês estão muito animados — disse uma garota que tocava violão e que era admirada por todos, quando chegou. — Eu acho que vou ficar por aqui mesmo. 

— Sim, meus jovens, mas o que mais vocês pensam sobre isso? — comentou um professor universitário que chegara havia pouco tempo com uma pasta azul combinando com a camisa abotoada e barbas grisalhas. Ele já estava completamente envolvido. 

Discorreram sobre como certa vez um jovem descobriu uma maneira de deixar seu carro invisível, assombrando a todos ao exibir faróis flutuantes em plena estrada. 

— Falta um pedaço na lua — disse alguém à mesa. — Na lua falta um pedaço desde que ele se foi. 

— Pois a saudade é o câncer da memória! — responderam-lhe. Todos riram, mas no céu a lua estava de fato incompleta. 

Havia neles a sede pela descoberta do mundo através dos olhos do outro, sempre com muito bom humor, frases de efeito e o calor da juventude. Eram impressionantemente sábios para a época dos vinte e poucos. Uma predileção pelo saber, um desejo pelo sabor do discurso. Nos raros momentos em que todos ficavam em silêncio, tragando seus cigarros, sorvendo goles rápidos de café, sempre saía alguma citação sobre o ambiente, sobre como o mundo parecia belo à luz das novas ideias e eles queriam que aquela conversa jamais acabasse. Seus espíritos estavam impregnados de virtude. Depois daquela mesa, jamais seriam os mesmos.