segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Poema: Uma vontade sem vontade



A recusa vem de longe. Quando a vida se torna
algo que sentimos, a natureza
tão carnuda que o lamento transforma a sideração
de uma ressonância. Lembre-se de tudo que se move.
O céu também
carrega rostos. Inexequíveis.
Pretos e tremendo. Você.
A noite,
deficiências que ocorrem centenas de vezes.
Todas as noites são apenas lembranças.
As estrelas estão completas. O arpão em mente pelo cais.

O copo está meio cheio. Gelo. O destino
de todos os sonhos também. Verificados. Verdade. O casamento
de tantos migrantes mitifica-se em forma de vapor.
O transtorno das contradições margeia penhascos
mas eu me agarro ao seu nome. Suas vértebras.

Por isso é seguro. Um copo
uma expectativa a diante,
na noite baseada em mais do que
ouvir uma mosca voar. Tudo acontece
como se as coisas devessem ser ignoradas
para que não queimem o gelo que se abre.
Eu tenho um sinal no umbigo. A alma que revolve a terra.
A cortina sobre os halos de cristal na porta de vidro
concreção salina próxima aos entalhes de fósforo
sem jamais incomodar. Convicção. Absolutamente mar
até que se finde a noite. A maturidade das sombras detém
o refém na teia. O espaço distante de todos os vestígios da cidade.

O espaço foi cancelado.
Distensão.
Distância.

Há apenas rochas em forma de mágoas
detritos silenciosos de fragmentos colidindo.
O zumbido de uma lâmpada está ruindo. Um refúgio.
Este castanho claro ao redor dos seus olhos. Esta ravina
em compensação. Com o vento. O vento cheio
no ar vazio, mas não insignificante.
Raiz do polinômio, a fonte do sonho.

O desmaio. É com o escuro que se deve remoer.
É com o escuro que se começa novamente. Uma coisa
intensa. A própria existência. Por detrás da sala,
o fluir da água numa pia. Diante do mar.
Como eu pude esquecer as horas? Letárgico,
é mais um reflexo. Devo penetrar a espera.
O conceito. Umidade. Espalhe a notícia para abrir

impotência.

Uma vontade sem vontade.



De Une volanté sans volanté, poema de Le Souffle blanc [Flickr]
traduzido por Gilson França

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