segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

31, aleluia! - mini-post comemorativo de fim de ano

Se eu fosse um gato, enterraria 2012.


Salvo raras exceções (é claro), contáveis nos dedos e que pintaram nos diários de outubro para cá. O ano do prometido fim do mundo termina sem deixar saudades e eu acho que para muita gente. Houve algo de crescimento forçado, pelo que pude constatar em conversas com amigos, o que não deixa de ser bom. Mas quem é que quer aprender do jeito difícil, né? Neste caso, fica quase inevitável fazer um grande depósito de esperanças no próximo ano e esperar que elas rendam o suficiente, que compensem e que façam a diferença.

Essa nova década foi meio doida (pessoalmente): 2010 foi bom demais pra ser verdade. 2011 foi xoxo e só bebeu da água do ano anterior. Mas em 2012 o gás meio que acabou, foi um ano de fartura em que "farta tudo". E agora? 2013 vai ser um ano de renascimento das fênix ou de apocalipse zumbi? Ou de limbo total? Prefiro o benefício da dúvida!

Em todo caso, vamo simbora!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Anime: Psycho-Pass - Primeiras impressões

É impressionante a quantidade de bons animes que tem sido lançada nesse último trimestre de 2012. A minha intenção inicial seria falar aqui sobre Shinsekai Yori ou Zetsuen no Tempest, mas hoje, meio que por milagre, os cliques me levaram a essa maravilha que é Psycho-Pass (サイコパス Saiko Pasu)! Veja por quê:
Observações: 1 - Não vou fazer aqui uma resenha focada no público que acompanha animes obstinadamente, mas um olhar sobre esta que é uma obra interessante para o público em geral, por tanto, pode ler sem medo de ser feliz! 2 -  Contem detalhes do enredo, mas só do episódio 1.
Uma coisa que sempre me deixou maravilhado no universo dos animes e mangás foi a capacidade/habilidade/facilidade (!) dos japoneses ao criarem universos ficcionais tão verossimilhantes cujas próprias e implacáveis leis são tão brilhantemente costuradas à trama. Psycho-Pass, por exemplo, se passa num futuro possível (aproximadamente 100 anos adiante) e tem como enredo a rotina de policiais e "justiceiros" na luta contra o crime mais interessante que eu já vi (gomenasai, heróis Marvel e DC!).

Nessa época é possível se determinar o fator de tendencia criminosa de um indivíduo e, dependendo do resultado, puni-lo adequadamente (de acordo com as leis da realidade do enredo). No episódio 1, "Coeficiente Criminal", vemos a inspetora recém formada Tsunemori Akane em sua primeira missão. Assim somos apresentados à execução da lei. A arma utilizada é a Dominator, que faz uma leitura do psycho-pass dos sujeitos e seu julgamento (no qual os oficiais parecem acreditar cegamente) é o que determina as ações básicas do policial.


Porém esta análise é quantitativa e é aí que o bicho pega!

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Deviation: Wish I Had An Angel

Eis meu novíssimo desenho, inspirado na belíssima canção de Nightwish, recém postado na minha galeria na DeviantART, e agora, aqui no Minhas Drogas.



O software que eu usei foi o Photoshop CS5, e nesse desenho eu aprimorei algumas técnicas de coloração que já vinha treinando (reparem na pele, por enquanto este é o máximo de realismo que eu consigo) e sem contar com as técnicas de iluminação.


Uma coisa que eu nunca havia tentado fazer era tatuagem nos meus desenhos, mas dessa vez eu fui em frente e fiz sem medo de ser feliz. Ainda não ficou como deveria, mas pra primeira (é a primeira mesmo?) tentativa, achei satisfatório.

Ao fundo, The Fallen's Vitral, que foi desenhado em 2005 (isso mesmo, 7 anos atrás!)

Comecei às 19:00hrs de ontem e terminei na manhã de hoje - a tempo para o almoço de natal! \o/

Boas festas a todos ^^

domingo, 23 de dezembro de 2012

Conto: IUSTUS


No começo eu pensei: “agora foi, pirei de vez”. Não foi como nos filmes. Quando Eles chegaram, não fizeram nada. Ficaram só ali, imóveis. Durante muito, muito tempo. Dia e noite, aquelas coisas enormes paradas no céu, acima das nuvens – gigantescos aglomerados de blocos de metal branco dispostos aparentemente a esmo, como se unidos por uma estranha e poderosa força magnética. Eles cobriam a luz do sol e projetavam sua assombrosa e angustiante sombra na Terra o dia inteiro.

No primeiro dia, ninguém saiu de casa. No segundo, a mesma coisa. Mas com o passar das semanas, o medo das pessoas foi dando lugar à curiosidade, até que a rotina delas foi voltando ao que era antes. He, he... O povo da Terra pensou que não ia acontecer nada. Como eu não tinha um lar para me esconder, tal qual as pessoas de valor para a grande fábrica de dinheiro que era a sociedade humana, restava-me apenas ficar deitado o dia inteiro encarando aquelas abomináveis coisas no céu. E refletindo.

Eu, que já havia passado por todo tipo de coisa nessa vida, tive tanto medo quanto todo mundo. A sombra aterrorizante que se alastrava por todos os lugares ainda me causava o mesmo terror, apesar de todos já haverem aparentemente superado o susto inicial. Era fácil para todo mundo voltar à luta diária por suas valiosas vidas de robô. Mas eu, que não tinha mais nada, que estava preso a uma existência que não queria mais, vi-me obrigado a ser um espectador do fim dos tempos. Todo mundo estava tão enganado sobre como seria...

Nos jornais que eu usava para me cobrir, pude acompanhar como os homens reagiram pateticamente atacando aquilo que não conheciam, nenhuma surpresa quanto a isso. Contudo, os objetos continuaram a pairar na atmosfera, inertes.

Eu sabia que era um teste, e nós fomos reprovados.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Tradução: The Change - Evanescence

Oi. É... bem, aqui está a tradução dessa música lindíssima escrita por Amy Lee e sua banda, que particularmente eu acho que merecia uma versão cantada em português, mas isso eu deixo para quem realmente compõe - levemos em consideração que é no mínimo inadequado cantar diretamente a tradução.
Duas coisas que me chamaram a atenção nessa canção: 
1ª: O baixo, que me lembrou as bandas que eu ouvia em 2005-2007 - sou apaixonado pelo baixo em todas as músicas, principalmente nas bem produzidas. É prazeroso até mesmo ouvir The Change várias vezes prestando atenção em cada instrumento, em cada arranjo, um por vez.
2ª: A letra. Não vou falar muita coisa, só quero chamar atenção para o fato de Amy Lee e Tery Balsamo terem caprichado no que seria a consequência da motivação do eu-lírico. Há um conflito interno seríssimo, um sacrifício. Desfrutem!


Achei que eu fosse forte
Sei que palavras preciso dizer
Congelada em meu lugar
Eu deixo o momento escapar

Eu estive gritando por dentro
E sei que você sente a dor
Você pode me ouvir?
Você pode me ouvir? Aaahh!

Diga que acabou
Sim, acabou
Mas ainda assim preciso de você
Diga que me ama
Mas não é o bastante

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Patologia

Shadow Self por ~lackofa


Nascido dos vestígios putrefatos na cavidade vazia onde antes houvera um coração a bater, que foi arrancado bruscamente e comido pela mais temível das bestas, um ser desenvolveu-se dentro de outro.

Ele cresceu e tomou forma com o passar dos dias, alimentando-se de seu hospedeiro, consumindo-lhe as forças e minando-lhe as faculdades mentais indiscriminadamente, causando-lhe grande dor, como um parasita.

A despeito de todas as tentativas, de todos os métodos, da respeitável força de vontade do hospedeiro ante ao diagnóstico de um corpo maligno em sua alma que só crescia e lhe enfraquecia, o parasita sobreviveu a tudo.

Quando o corpo começou a padecer por causa do tratamento, quando a mente se viu encurralada no labirinto onde estava presa com um monstro, o homem desistiu. Haveria de manter - ou buscar obstinadamente - um equilíbrio: aprender a viver com suas limitações, impostas pela doença.

Então viria o fim da negação, o fim das tentativas de parecer normal diante das outras pessoas. Abraçaria sua inadequação e tiraria dela o que fosse possível para sustentar-se de pé. Já que não conseguira desprover de sentido a existência do demônio dentro de si, atribui-lhe-ia uma nova razão de ser.

Com isso em mente, todas as falhas do passado, os caminhos errados e a volta por eles para encontrar a estrada de tijolos amarelos, as feridas que se abriram na travessia, os ossos quebrados e tudo mais que mudou em consequência da falta de luz adquiriu uma aura promissora.

Reconhecer as dores como reais e viver com uma promessa de cura é muito melhor do que ser um ator decadente no papel de um herói.

por Gilson França

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Poema: Uma vontade sem vontade



A recusa vem de longe. Quando a vida se torna
algo que sentimos, a natureza
tão carnuda que o lamento transforma a sideração
de uma ressonância. Lembre-se de tudo que se move.
O céu também
carrega rostos. Inexequíveis.
Pretos e tremendo. Você.
A noite,
deficiências que ocorrem centenas de vezes.
Todas as noites são apenas lembranças.
As estrelas estão completas. O arpão em mente pelo cais.

O copo está meio cheio. Gelo. O destino
de todos os sonhos também. Verificados. Verdade. O casamento
de tantos migrantes mitifica-se em forma de vapor.
O transtorno das contradições margeia penhascos
mas eu me agarro ao seu nome. Suas vértebras.

Por isso é seguro. Um copo
uma expectativa a diante,
na noite baseada em mais do que
ouvir uma mosca voar. Tudo acontece
como se as coisas devessem ser ignoradas
para que não queimem o gelo que se abre.
Eu tenho um sinal no umbigo. A alma que revolve a terra.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

CRÔNICA: Escrever, escrever e escrever - Mas acima de tudo, ler

"Writing", ~someGIRL2B
Minha professora de Literatura Inglesa é cronista. Em um dos milhões de vezes em que ela contou sua trajetória da graduação ao doutorado - passando pelos Estados Unidos e Inglaterra, tendo mandado milhares de cartas quilométricas para seus entes queridos (modo como ela descobriu e desenvolveu o gosto pela escrita), tornando-se mais tarde cronista do principal jornal do estado e hoje, professora universitária também - ela disse que “ninguém começa escrevendo textos canônicos, não! Todo mundo começa escrevendo é bobagem mesmo, coisas do dia-a-dia, diários, cartas, etc.”

Sinceramente eu gostaria muito de um dia poder viver somente de escrever. Escrever ficção é uma delícia - isso eu digo e Virginia Woolf confirma em seu ensaio Professions for Women: “Ainda é estranho que não haja nada no mundo tão delicioso quanto contar histórias”. Mas aí é que entra o que minha professora comentou: escrever é possível, mas a partir de que ponto é preciso?

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Tons Pastéis



— Traga seu tema e nós iremos discuti-lo — disse um belo rapaz sentado a uma mesa retangular com outros semelhantes a ele. De seus cortes de cabelo aos botões de suas roupas, tudo era legal. Sorriam e conversavam calorosamente sobre tudo o que concernia à vida em diálogos em que nenhum sabia o que o outro estava prestes a falar. E a imprevisibilidade estava a seu favor! A imagem era como que uma cena em sépia, e ali decidiam seus futuros conversando de modo que não se faz em lugar algum. 

— Eu tô vendo que vocês estão muito animados — disse uma garota que tocava violão e que era admirada por todos, quando chegou. — Eu acho que vou ficar por aqui mesmo. 

— Sim, meus jovens, mas o que mais vocês pensam sobre isso? — comentou um professor universitário que chegara havia pouco tempo com uma pasta azul combinando com a camisa abotoada e barbas grisalhas. Ele já estava completamente envolvido. 

Discorreram sobre como certa vez um jovem descobriu uma maneira de deixar seu carro invisível, assombrando a todos ao exibir faróis flutuantes em plena estrada. 

— Falta um pedaço na lua — disse alguém à mesa. — Na lua falta um pedaço desde que ele se foi. 

— Pois a saudade é o câncer da memória! — responderam-lhe. Todos riram, mas no céu a lua estava de fato incompleta. 

Havia neles a sede pela descoberta do mundo através dos olhos do outro, sempre com muito bom humor, frases de efeito e o calor da juventude. Eram impressionantemente sábios para a época dos vinte e poucos. Uma predileção pelo saber, um desejo pelo sabor do discurso. Nos raros momentos em que todos ficavam em silêncio, tragando seus cigarros, sorvendo goles rápidos de café, sempre saía alguma citação sobre o ambiente, sobre como o mundo parecia belo à luz das novas ideias e eles queriam que aquela conversa jamais acabasse. Seus espíritos estavam impregnados de virtude. Depois daquela mesa, jamais seriam os mesmos.