Certa vez caminhava pelo centro da cidade quando ouvi três
pessoas conversando:
- Comprei um DVD, mas já quebrou.- As coisas não duram mais nada hoje em dia!- É, parece que já são feitas pra se quebrar!
Estaria tudo bem se eu já não houvesse ouvido esse mesmo
diálogo de 99% das pessoas insatisfeitas com produtos eletrônicos. Ora, o que
há com as pessoas? Por que diabos tanta gente vive na mesmice? Quero dizer,
mantêm o mesmo discurso, têm uma visão em massa do mundo, contentam-se em
gostar das mesmas coisas.
Essas pessoas eu classifico como ovelhas: vivem inertes, vão
para onde o pastor comanda. Nunca questionando, nunca fazendo diferente. Sempre
produzindo lã e carne, lã e carne, lã e carne dia após dia. Assustam-se com uma
nuvem e assustam-se novamente com outra nuvem no dia seguinte.
Não sou uma ovelha. Nem branca nem negra. Sou uma raposa. E que
isso, pelo amor de deus, não seja visto como uma pieguice motivacional. Não!
Estou falando que devemos sempre nos reinventar. Nos recriar! Para quê fazer
todos os dias as mesmas coisas se nós somos dotados de criatividade? Eu até
aceito que ninguém seja “melhor” que ninguém, mas poxa, dá pra ser melhor do
que você mesmo.
É muito fácil dançar conforme a música, mas por que não
fazer uma música nova? Ou uma coreografia nova, pelo menos pra começar? Não
podemos dar moleza para o cérebro! Há um grande prazer na sensação de
progresso, de evolução. Nossa espécie anseia desesperadamente por isso. Tudo o
que produzimos é uma melhora do que foi fabricado antes, então por que não
fazer o mesmo com o pensamento?
Sou a favor de nunca dizer a mesma frase, de nunca cometer o
mesmo erro, de nunca cair duas vezes no mesmo lugar! A gloriosa saída do casulo
tem que acontecer todas as manhãs. Amo as manchas das girafas, que nunca se
repetem, as nuvens, os rios, enfim, todos esses movimentos diversos da
natureza. Eles fazem parte de nós, estão codificados em nossos genes. Muito mais
óbvios do que muitas pessoas querem acreditar.
Mudemos! Essa é a única tecla em que se vale a pena bater mais de uma vez.