sexta-feira, 30 de junho de 2017

O que aprendi durante o processo criativo



Hoje estava de bobeira, pensando coisas aleatórias, quando veio à minha mente que em uma tarde de domingo, no início dos anos 2000, em que eu não quis ficar na rua brincando com meu irmão e meu primo, eu me sentei diante de uma mesinha no meu quarto, na minha antiga casa em Bayeux - PB, botei umas folhas de papel ofício na minha frente e simplesmente criei uma história em quadrinhos completa, com personagens diferentes e divertidos, um vilão maluco e um mundo completamente novo.

A história se chama Aefis, que é o nome do planeta em que tudo acontece, e começa quando Djack, um astronauta iniciante acaba se perdendo no espaço e indo parar nesse lugar desconhecido. Lá ele é encontrado por Liko e Jokêi, dois jovens rebeldes que estão no meio de um deserto tramando um plano para destronar o lunático Asfer - um fantasma com um dragão de estimação e um exército de humanóides com olhos de lesma numa planta gigante que lhe serve de castelo. Liko é explosiva e Jokêi é um gênio da tecnologia, ele trabalhava para Asfer e planeja usar o conhecimento adquirido lá para derrotar o tirano. Construiu sozinho o 51-13, uma aeronave extremamente bem equipada em armamentos e que ainda possui uma inteligência artificial. A própria casa onde Liko e Jokêi moram tem inteligência artificial e é para lá que eles levam Djack após resgatá-lo. 

O enredo se desenvolve bem e os personagens crescem junto à minha capacidade de desenhar quadrinhos. Acabei ficando muito bom nisso: roteiro, enquadramento, criação e desenvolvimento de personagens, finalização, tudo. Uma das coisas que me impressionam até hoje quando penso nisso, é o fato de eu ter uma imaginação tão fértil naquela época que me permitiu criar tudo isso em apenas uma tarde. Hoje, por outro lado, eu me vejo lutando desde 2014 com uma história incrível e original, mas nunca fico satisfeito com uma versão de roteiro do primeiro capítulo.

Vários fatores influenciam nesse processo: em 2003 eu só tinha uma preocupação, que era a escola. Hoje eu tenho várias. A vida adulta tem minado a minha capacidade de criar, e ela faz isso quando toma meu tempo, quando me deixa exausto, preocupado, ansioso... A nova história em que eu estou trabalhando é bastante complexa, então eu devo somar isso às coisas que estão tornando o processo mais lento. Agora que moro sozinho com meu namorado, eu achei que fosse ter mais tempo para me sentar diante do computador e criar coisas incríveis como as que eu vejo na internet, mas isso não tem acontecido. As minhas habilidades de escrita e desenho evoluíram naturalmente com o passar do tempo, mas em compensação, a chuva de obrigações que a vida fora da casa dos pais implica muitas vezes parece pesada demais para que eu possa continuar com essas atividades que amo tanto.

Então o meu objetivo agora é desenvolver uma rotina saudável em que eu não precise negligenciar as minhas obrigações para poder desenhar, ou deixar de dar atenção ao meu namorado, deixar de malhar, etc., porque obviamente essas coisas são importantes. Também tenho que me preparar para esses eventuais bloqueios criativos, fruto do stress e da ansiedade. A fórmula que usei para criar Aefis foi muito simples: peguei as coisas que mais gostava na época e montei um esqueleto para a narrativa, que funcionou muitíssimo bem.

Felizmente eu vou ter um tempinho para organizar isso tudo no meu dia e botar os desenhos, os filmes e as séries mais ou menos em dia já que estou de férias e vou ter aí uns 31 dias de descanso. Outro ponto positivo é que eu ainda consigo evocar aquele momento de sinestesia de quando eu me sento para desenhar e boto umas músicas e viajo, esquecendo do mundo e de tudo mais que tem nele.

Atualmente tenho dois projetos: Solar (imagem de abertura desse texto) - uma história em quadrinhos super complexa, praticamente coisa dos Watchowiski - e as tirinhas Camomila (abaixo). Quanto à produção literária sem ilustração, não estou fazendo nada, infelizmente. Esses dias me peguei relendo o blog que eu mantinha com detalhes da produção de Oak School, minha série de romances inacabada, e fiquei impressionado com a minha habilidade com as palavras naquela época (2011-13).

Quero voltar a ser aquele Gilson criativo, que produz muito, porque essas coisas realmente me deixam muito feliz, independentemente de lucro, de reconhecimento, dessas bobagens. Eu de fato sinto prazer enquanto estou fazendo essas coisas e não devo parar jamais. Já que não vou ganhar dinheiro com isso - já passou tempo suficiente desde que eu comecei; se fosse para dar certo, qualquer coisa já teria acontecido -, eu vou fazer coisas para mim, coisas que eu goste de ver e ler, assim como fiz Aefis 14 anos atrás.

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