domingo, 13 de abril de 2014

Uma coisa que eu escrevi voltando pra casa num domingo de manhã


A volta pra casa de manhã após uma noite longa quando seus limites foram testados é algo que eu conheço muito bem. Entre as várias coisas que eu poderia ter feito, as que atestam meu sucesso são as que eu não fiz. Estou jogando com a diversão sóbria, com a socialização seletiva e a honestidade comigo mesmo. Tolero a realidade, e até perdoo-a por não ser como eu queria, então fica fácil andar pela cidade noite adentro sem medo de fantasma. Despido das cascas de cebola, consigo entreter e seduzir. Assim vou avançando por conversas temperadas com desenvoltura e sem perder o charme. As comparações com meus antigos eus, espectros que povoam os bares onde fui em diferentes momentos da vida, são inevitáveis, porém divertidas. Por vezes escapam pela boca, mas em sua condição, esses assuntos não pertencem ao presente. No balanço do ônibus, continuo minha viagem pelo espaço-tempo enquanto minha casa se aproxima com ofertas irrecusáveis: cama, mesa e banho.

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