domingo, 28 de janeiro de 2018

Acesso à Penseira


A vida deu um salto desde a última vez que escrevi algum texto reflexivo. O fundamento desses textos, a princípio, era que eu tirasse algumas coisas da minha mente, de modo que pudesse olhar para elas de fora e analisa-las melhor – assim eu pensava. Bom, fosse esse o resultado ou não, a coisa funcionava de alguma maneira e me deixava mais leve. Além disso, eu praticava a escrita. Desde 2005 eu estou nessa de analisar minha mente. Tem sido bom. No período de 2012 até 2015, se não me falha a memória, escrevi no Eu podia estar bebendo, um blog meio pesado que usei para acompanhar como ia a minha depressão. Os textos lá são de altíssimo nível, mas muito tristes. Depois que melhorei, montei o Minhas Drogas – Esse era bem mais leve e tinha textos bastante interessantes. Eu me sentia muito bem escrevendo lá, fazendo análises e traduções e tudo que eu gostava. Então eis que ontem à noite me vi relembrando as espirais de ideias que motivavam os textos que eu escrevia no Eu podia estar bebendo só porque briguei com R. (meu marido).

Eu sempre gostei de escrever, estive pensando em montar uma história ou coisa do tipo. Rever as anotações sobre Oak School – um romance que criei nos primeiros anos da universidade (2010-2011) – me deixou nostálgico. Fiquei muito orgulhoso do meu potencial criativo na época. Aconteceu de eu não me reconhecer naquele texto, coisa que eu considerei positiva porque a maioria dos meus textos é bastante pessoal e aquele tinha toda a estrutura de um best-seller. Enfim, quando comecei a escrever meus diários, a minha ideia era que uns dez, quinze anos depois eu voltaria a eles como leitor e teria uma noção do meu amadurecimento. Isso realmente aconteceu: em 2016 eu fui lá e reli algumas páginas do diário de 2006. O eu de 26 anos lendo sobre a vida do eu de 16. Confesso que fiquei bastante preocupado com meu estado mental da época. É impressionante como a adolescência é dura! É igualmente impressionante como a vida adulta apaga essas memórias. Assim, percebi que uma coisa que conquistei com o passar dos anos foi a serenidade, ou seja, a capacidade de se colocar num estado de calma induzida para não enlouquecer diante das coisas que inevitavelmente vão acontecer na nossa vida. Mas e agora? Que registros eu tenho desde os últimos dois anos para quando eu tiver uns 40? Que tipo de jovem adulto eu vou me lembrar que eu era? Eu quero muito esse retrato porque, melhor que uma foto, o diário tem uma profundidade dramática muito interessante.

Esse blog constitui uma parte importante da minha produção. Aqui está registrado em forma de textos um status da minha visão de mundo e sensibilidade em um nível de fácil digestão. Estou feliz por voltar a escrever aqui.



Originalmente publicado em 18/Jan/2018

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